sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

“Perdoai-lhes, pai, porque eles não sabem o que fazem

O momento culminante, o mais intenso, é o momento da morte e não poderia ser diferente, toda a vida converge nesse instante “final”. O Cristo nos ofertou, na cruz, o que talvez seja o maior de seus ensinamentos, sintetizando em poucas palavras a sua realização, o resultado de seu trabalho. Essas palavras estão para além de toda doutrina religiosa existente hoje na terra. Elas indicam o próximo passo, o derradeiro passo, que um dia a humanidade terá de dar. Então, o que Jesus quis dizer com essas palavras? Ele estava falando de auto-conhecimento, de auto-realização, estava nos dizendo que ainda não somos da natureza da luz, não nos recordamos de nós mesmos. Que ainda estamos agindo em completo esquecimento, movendo-nos e tropeçando na escuridão da personalidade exterior no total esquecimento do Eu, que é o verdadeiro Ser. Pai Perdoa-lhes, eles não são responsáveis pelo que quer que façam, não estão conscientes de si próprios. Todas as doutrinas religiosas existentes, através dos séculos, têm norteado a ética e a fé e servido de inspiração para milhões de pessoas. Mas a verdade é que quando um mestre vem a esse mundo nos mostrar o caminho, um grande conhecimento, não tem a menor intenção de fundar nenhuma religião. Depois de sua morte, seus discípulos e seguidores se auto-nomeiam representantes e julgam-se intermediários dessa verdade. Fundam uma religião, interpretam as palavras do mestre, criam uma doutrina, dogmas e por não saberem o que fazem, desvirtuam, perdem ou mesmo não conseguem transmitir o essencial do ensinamento. Prova disso é que, embora as doutrinas religiosas nos ajudem a manter nossa frágil civilidade, são cometidas atrocidades pelo mundo a fora, mesmo em países de grande embasamento religioso. Na verdade existe, no mundo inteiro, um vácuo disciplinar que nem a instrução escolar e nem as Religiões atualmente conseguem preencher. Trata-se da Educação da Consciência, que no passado era ensinada nas Escolas de Sabedoria que já não existem mais. Exemplo de uma destas escolas foi o templo de Apolo em Delfos onde, na entrada, estava escrita a máxima: Conhece a ti mesmo. Gostaria de terminar citando algumas palavras do mestre Bhagwan Shree Rajneesh, do seu Livro – Tantra a Suprema Compreensão: “Supõe que uma casa ficou fechada durante cem anos, no escuro; tu entras nela e acende uma luz. Poderá a escuridão dizer: Não vou desaparecer? Tenho cem anos e esta luz mal acaba de nascer, terás de acender durante pelo menos cem anos só então desaparecerei? Não, é impossível; mesmo uma luz acabada de nascer é suficiente para dispersar uma escuridão muito antiga. A escuridão apenas espera pela luz, no momento em que a luz penetra, a escuridão desaparece; ela não pode resistir porque não tem existência positiva; ela é apenas uma ausência”. “O ser pode sofrer modificação. Se tiveres profundidade de compreensão, se dá teu esforço total, tua energia, para entender, dentro dessa própria intensidade uma luz subitamente brilha em ti, uma chama sobe como relâmpago e, de súbito, vês todo o teu passado e teu futuro. Compreendes o que te aconteceu, compreendes o que esta acontecendo, compreendes o que vai acontecer. De súbito tudo se torna claro. É como se alguém trouxesse luz para um lugar escuro, tornando tudo repentinamente iluminado”. O próximo grande passo esta para além de toda doutrina religiosa e por isso nenhuma intermediação se faz necessária porque é um passo que devemos dar sozinhos em direção ao interior de nós mesmos, em direção ao Ser.

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